terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dia sem chato

por Guilherme Fiuza

Com tantas datas dedicadas à conscientização dos cidadãos, só está faltando a criação de uma: o Dia Mundial Sem Chato.

Seria um feriado nacional para as cassandras de plantão. Nenhuma delas mandaria você encurtar seu banho para salvar o estoque de água doce do planeta.

No Dia Mundial Sem Chato, você ficaria a salvo da mediocridade sustentável – aquela doutrina que reduz os problemas do mundo a meia-dúzia de slogans. Você não correria nenhum risco de ouvir que a crise financeira internacional será resolvida com um novo paradigma ecológico.

A ONU e toda a eco-burocracia ficariam proibidas, nesse dia, de divulgar papers com projeções chutadas sobre o holocausto climático em 2050.

O Greenpeace não poderia engarrafar a Avenida Paulista nem a Ponte Rio-Niterói para protestar contra os engarrafamentos.

No Dia Mundial Sem Chato, você não poderia se sentir um canalha por possuir um automóvel, nem um criminoso por não trocá-lo pelo maravilhoso transporte de massa que não existe. Você teria, ainda, o direito de exigir dos hipócritas do apocalipse o seu patinete a jato com ar-condicionado.

Ficaria vedada qualquer equação burra que culpasse os freqüentadores de shopping centers pela fome na África.

Nessa data cívica, você seria poupado dos axiomas que criminalizam o consumo de hambúrguer, devido aos gases estufa expelidos pelas vacas durante a digestão. Ninguém tentaria te aliciar com discursos carolas para salvar o planeta. Ao contrário: o planeta seria salvo, por um dia, do totalitarismo carola.

No Dia Mundial Sem Chato, cada vez que a palavra “sustentabilidade” fosse pronunciada, o autor da infração seria multado em dez salários-mínimos – destinados ao programa Bolsa Clichê, de salvação do idioma.

A finalidade do Bolsa Clichê seria, basicamente, erradicar os vocábulos vazios que tentam substituir a velha expressão “bom senso” por fetiches ideológicos.

Dê você também a sua contribuição para a criação do Dia Mundial Sem Chato. Vamos salvar o planeta da chantagem emocional barata.

Fonte: http://colunas.epoca.globo.com/guilhermefiuza/2009/09/20/dia-sem-chato/

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Como o Brasil se tornou um mar de lama - Parte II

A partir do final da década dos 40 aparece um novo modelo de revolução comunista: a que foi conduzida por Mao Tzé Tung (depois com a grafia alterada para Mao Zé Dong) na China continental. Ele pregava que a luta armada deveria começar em ambiente rural, com lento trabalho de convencimento (“trabalho de massa”). Pouco a pouco, o campo iria “sufocando” as cidades e os comunistas venceriam a guerra, praticamente, pela fome nos grandes centros urbanos. Claro que a violência seria em alto grau. Isto colocou mais uma “arma” ideológica nas mãos, ou seria “maos”, dos comunistas em todo o mundo. Incluindo o nosso Brasil.

No fim dos anos 50 aparece mais um modelo de como conquistar o poder por comunistas. O barbudo Fidel e seu fiel escudeiro Guevara, mais Camilo Cienfuegos, que “morreu” em seguida, conseguiram vencer o corrupto governo de Fulgêncio Batista, suportado timidamente pelos americanos, que vacilavam no apoio, pois julgavam que o movimento 26 de Julho de Fidel, não era comunista. Ele se revelou mais tarde.

Com a ajuda de um comunistóide francês, Jules Regis Debray, que escreveu a cartilha sobre o modelo cubano de guerrilha, e do “escritor” Guevara, que contou o que havia ocorrido, surgiu mais um modelo de revolução. O movimento deveria nascer no ambiente rural, formar focos de terroristas e ir dominando as cidades, de maneira rápida, usando a violência em alto grau.

Aliado à conjuntura internacional, este modelo fez grande e efêmero sucesso entre os comunistas/terroristas brasileiros, inspirando o “best seller” do terrorismo “Minimanual do Guerrilheiro Urbano” de autoria do ex-deputado comunista Carlos Marighella, até hoje considerado como “bíblia” dos terroristas, inclusive os do Oriente Médio. Vencidos pelos governos militares, estes comunistóides brasileiros, é evidente, não querem nem ouvir falar nas Forças Armadas.

Mas toda esta salada ideológica não estaria completa sem se falar do comunista italiano Antonio Gramsci. Na década de 20, este intelectualóide italiano incomodava a Benito Mussolini. Foi preso e, na cadeia, teve tempo suficiente para escrever. Escreveu bastante em vários “cadernos”. Teve que utilizar uma linguagem um tanto enigmática para escapar da censura fascista, mas sua obra, mesmo de difícil compreensão e no ostracismo por algum tempo, foi, finalmente, trazida à tona e tornou-se um sucesso, graças à sua genialidade.

Gramsci, simplesmente, observando as sociedades, concluiu que a luta armada era algo muito especifico e somente poderia funcionar em um número limitado de países. Para atingir um universo maior, a maneira de colocar os comunistas no poder deveria ser muito mais sutil, inteligente, eficiente, e, por isto, perigosa.

E está sendo, exatamente esta “cartilha” que vem mergulhando o nosso país neste mar de lama.

Continua...

Como o Brasil se tornou um mar de lama - Parte I

Como o Brasil se tornou um mar de lama?

Muita gente faz esta pergunta. Existe uma enormidade de explicações, mas uma delas parece ser deixada de lado e pode ser a mais importante e influente. Trata-se da causa ideológica, sempre, propositadamente desvalorizada pelos interessados, exatamente aqueles que professam a ideologia comunista/socialista, notadamente depois da queda do Muro de Berlim.

Marx e Engels teorizaram sobre o comunismo, mas não instruíram, exatamente, como os comunistas deveriam agir para implantar essa ideologia. O russo Lênin, nos seus livros “Que fazer” e “Por onde começar”, escritos no início do século passado, é que ensinou, com detalhes, como colocar um Partido Comunista no poder. Explicou como deveria ser uma revolução comunista: o uso da violência “revolucionária”, o uso da mentira – que seria a “verdade leninista” - desde que auxiliasse ao Partido Comunista; quem seriam os militantes, suas funções etc. Também criou a Internacional Comunista, entidade que deveria filiar, de maneira centralizada, todos os Partidos Comunistas do mundo.

Trotsky, o Comandante do Exército Vermelho, venceu os russos “brancos” e assegurou o poder para o PC de Lênin. Stalin, útil para o PC, mas considerado muito sanguinário pelo fundador do Partido, Lênin, foi colocado num cargo de menor importância: o de Secretário Geral. Stalin, magistralmente, foi manipulando o Partido e estabelecendo seu estatuto, para se servir dele. Por exemplo: pelo estatuto proposto por Stalin, para ser aceito no PC, o candidato deveria ter seu nome aprovado pelo Secretário Geral, isto só, entrava no partido quem interessava ao Secretário Stalin e com ele concordasse sem discutir.

Na Constituição comunista, qualquer cargo público só poderia ser ocupado por um militante “de carteirinha” do PC. De maneira bem simples, isto colocou até o Presidente e o Primeiro Ministro como subordinados ao Secretário Geral. Bastava que ele, Stalin, o Secretário do PC, expulsasse do partido quem o contrariasse, e este infeliz perderia seu emprego público, o único tipo de emprego possível, em país comunista, qualquer que fosse seu posto na hierarquia estatal.

Trotsky, que não era chegado a Stalin, evidentemente não concordava com isto. Deveria ter substituído Lênin no comando da URSS entretanto foi passado para trás pelo Secretário Geral do Partido Comunista.

Deste modo, sendo contrário ao centralismo dentro do Partido, foi criando certas idéias, como a da “revolução permanente”, através da qual o comunismo poderia conquistar o mundo e derrotar o capitalismo, fortalecendo a idéia do internacionalismo. Para fugir do voto de cabresto permitido pelos estatutos do PC, que eternizava o Secretário Geral no poder, Trotsky chegou a propor a votação internacional para as autoridades comunistas.

Acabou morto a picaretadas a mando de Stalin. Mas suas idéias, com várias interpretações, perduraram. Por exemplo, ele admitia várias correntes de pensamente diferentes, dentro do PC – chamadas grupos, tendências e frações - e nos debates entre elas, estaria estabelecida a democracia, mesmo com partido único. Ele achava que podia conviver vários partidos políticos, desde que, através do “entrismo”, que consiste em gradativamente ir colocando militantes fiéis dentro do outro partido , aos poucos dominá-lo e submetê-lo.

Trotsky era adepto da violência, da luta armada e do terrorismo para chegar ao poder e manter o PC no comando dos países-alvo.

Com o término da II Guerra Mundial, outro ambiente político se estabeleceu, e os PCs seguidores da URSS adotaram outro modelo de revolução, o que foi utilizado com sucesso na Hungria e na Tchecoeslováquia, abandonando-se a necessidade da luta armada inicial. Depois, para manter os comunistas no poder, a violência poderia ser desencadeada.

Com a vitória de Mao na China e de Castro em Cuba, novas formas de conquista do poder passaram a compor o arsenal comunista.

Tivemos todas estas correntes ideológicas lutando para ser implantadas no Brasil, notadamente a partir de 1922, com a fundação do Partido Comunista.

Continua...