terça-feira, 1 de setembro de 2009

Como o Brasil se tornou um mar de lama - Parte I

Como o Brasil se tornou um mar de lama?

Muita gente faz esta pergunta. Existe uma enormidade de explicações, mas uma delas parece ser deixada de lado e pode ser a mais importante e influente. Trata-se da causa ideológica, sempre, propositadamente desvalorizada pelos interessados, exatamente aqueles que professam a ideologia comunista/socialista, notadamente depois da queda do Muro de Berlim.

Marx e Engels teorizaram sobre o comunismo, mas não instruíram, exatamente, como os comunistas deveriam agir para implantar essa ideologia. O russo Lênin, nos seus livros “Que fazer” e “Por onde começar”, escritos no início do século passado, é que ensinou, com detalhes, como colocar um Partido Comunista no poder. Explicou como deveria ser uma revolução comunista: o uso da violência “revolucionária”, o uso da mentira – que seria a “verdade leninista” - desde que auxiliasse ao Partido Comunista; quem seriam os militantes, suas funções etc. Também criou a Internacional Comunista, entidade que deveria filiar, de maneira centralizada, todos os Partidos Comunistas do mundo.

Trotsky, o Comandante do Exército Vermelho, venceu os russos “brancos” e assegurou o poder para o PC de Lênin. Stalin, útil para o PC, mas considerado muito sanguinário pelo fundador do Partido, Lênin, foi colocado num cargo de menor importância: o de Secretário Geral. Stalin, magistralmente, foi manipulando o Partido e estabelecendo seu estatuto, para se servir dele. Por exemplo: pelo estatuto proposto por Stalin, para ser aceito no PC, o candidato deveria ter seu nome aprovado pelo Secretário Geral, isto só, entrava no partido quem interessava ao Secretário Stalin e com ele concordasse sem discutir.

Na Constituição comunista, qualquer cargo público só poderia ser ocupado por um militante “de carteirinha” do PC. De maneira bem simples, isto colocou até o Presidente e o Primeiro Ministro como subordinados ao Secretário Geral. Bastava que ele, Stalin, o Secretário do PC, expulsasse do partido quem o contrariasse, e este infeliz perderia seu emprego público, o único tipo de emprego possível, em país comunista, qualquer que fosse seu posto na hierarquia estatal.

Trotsky, que não era chegado a Stalin, evidentemente não concordava com isto. Deveria ter substituído Lênin no comando da URSS entretanto foi passado para trás pelo Secretário Geral do Partido Comunista.

Deste modo, sendo contrário ao centralismo dentro do Partido, foi criando certas idéias, como a da “revolução permanente”, através da qual o comunismo poderia conquistar o mundo e derrotar o capitalismo, fortalecendo a idéia do internacionalismo. Para fugir do voto de cabresto permitido pelos estatutos do PC, que eternizava o Secretário Geral no poder, Trotsky chegou a propor a votação internacional para as autoridades comunistas.

Acabou morto a picaretadas a mando de Stalin. Mas suas idéias, com várias interpretações, perduraram. Por exemplo, ele admitia várias correntes de pensamente diferentes, dentro do PC – chamadas grupos, tendências e frações - e nos debates entre elas, estaria estabelecida a democracia, mesmo com partido único. Ele achava que podia conviver vários partidos políticos, desde que, através do “entrismo”, que consiste em gradativamente ir colocando militantes fiéis dentro do outro partido , aos poucos dominá-lo e submetê-lo.

Trotsky era adepto da violência, da luta armada e do terrorismo para chegar ao poder e manter o PC no comando dos países-alvo.

Com o término da II Guerra Mundial, outro ambiente político se estabeleceu, e os PCs seguidores da URSS adotaram outro modelo de revolução, o que foi utilizado com sucesso na Hungria e na Tchecoeslováquia, abandonando-se a necessidade da luta armada inicial. Depois, para manter os comunistas no poder, a violência poderia ser desencadeada.

Com a vitória de Mao na China e de Castro em Cuba, novas formas de conquista do poder passaram a compor o arsenal comunista.

Tivemos todas estas correntes ideológicas lutando para ser implantadas no Brasil, notadamente a partir de 1922, com a fundação do Partido Comunista.

Continua...

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